quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Três

Os clientes começaram a entrar, um após o outro, e ocupar as mesas. Entre eles, havia um casal que me chamava a atenção de uma forma mais peculiar que os demais. Nesse meu breve tempo de vida, conhecera muitas pessoas, mas eles eram diferentes. Sobre pessoas daquele tipo, já tinha lido em muitos livros, e lá eles sempre morriam por querer sustentar algo que prejudicava às demais pessoas, sem elas perceberem.

Além de eles aparecerem quase todos os dias, traziam consigo seu cachorro, um chiuaua maldito, que se achava o dono do mundo, pois recebia toda a atenção possível deste casal, ao passo que era apenas não um cachorro, mas uma pulga, que seria facilmente esmagado com um pisão, porém impossível de ser passível da justiça terrena, pois era o mimo do casal que era um dos melhores clientes do bar.

Eu odiava aquele cachorro.

Na frente do casal, ele lambia meus pés, e o marido e a mulher piamente acreditavam nele e na sua postura, mas bastava virarem as costas ou a atenção para ele querer me morder e babar na barra da minha calça.

Não me era perigoso, mas se o maltratasse, o casal poderia perceber, não gostar, e acabar com minha reputação, minha vida e algo mais.

Realmente odiava aquele cachorro. Mais falso que nota de três reais, porém refletia perfeitamente a índole daquele casal. Era aquela gente mal intencionada, e comovida, que tem no fim da tarde a sensação da missão cumprida. Pois é, tendo dinheiro, não existem coisas impossíveis. Peter Frampton era música boas para eles.

Dá status.

Ao menos na opinião deles.

E o pior, eles não tinham dinheiro. Já tiveram, mas hoje eram apenas uma sombra de uma sociedade decadente de outrora. Podiam pagar sua conta no dia, mas nunca o seu orgulho de pequenos burgueses.

Típico.

E assim como eles, existiam milhares.

Porém, os milhares não vinham ao bar. Ou vinham, mas não me davam trabalho como aquele casal tão especial.

E eles sempre sentavam em uma das minhas mesas. Saco.

Enfim, outro dia normal no bar, volto para casa. Consigo sair um pouco mais cedo e ainda caminho no sol da tarde, com uma leve brisa batendo no meu rosto e pensando em como isso é bom, enquanto a música estoura meus tímpanos lenta e gradualmente, ao mesmo tempo que enche minha alma e me leva junto com o sol e a brisa.

É bom estar vivo. Minha única preocupação no momento é se tem cerveja o suficiente em casa. Pra mim, a vida combina com uma cerveja gelada.

Evelyn sits by the elevatos doors ...

E como James eu estarei bebendo uma irlandesa esta noite. Ou uma cerveja qualquer mesmo.

Um comentário:

Kindex disse...

Hhaha
não seria seu se não tivessem os malditos burgueses!

maravilhoso (:

pia, a mãe vai viajar no feriado, vamos pra kathleen?

abraço! :D