quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Doze

“Eu sou um homem doente... um homem mau”.

Assim começa o livro “Memórias do Subsolo”, do meu caro Fiódor. A destrutividade e a miséria que o personagem se impõe, assim como a carga de sofrimento que ele próprio busca para si me faz pensar em certos aspectos moribundos da minha própria vida.

Desde que comecei a trabalhar no bar, tenho observado os mais diferentes tipos de pessoas, com as quais tenho que conviver quase que diariamente. É fácil observar as pessoas. Difícil é observar a si próprio. Creio que isso seja um pouco de receio de “olharmos dentro do abismo, pois senão ele começa a olhar dentro de nós”, como diria meu outro amigo, o Fred.

Dentro deste misto literário, já comecei a olhar várias vezes para dentro de mim. E assusta. O monstro é grande, e geralmente não o conhecemos, porém é essencial para uma vida plena nos acostumarmos com ele, pois não adianta querer domesticá-lo. Não cabe a nós.

Numa dessas curvas da vida, me identifiquei muito com o protagonista das “Memórias do Subsolo”. Vi uma pequena parte da minha pequenez, mesquinharia e insignificância. Minha podridão muitas vezes se encalacrava de tal maneira que me deixava cego ao que me cercava. E o monstro era feio. Vi como eu sou egoísta, preguiçoso e acomodado. E isso dói, de reconhecer. Pior ainda é querer mudar.

A grandeza da natureza humana contrasta significativamente com a sua podridão.

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