domingo, 30 de setembro de 2007

Enfim, um começo


Certa manhã, ao acordar, minha boca estava seca, e me sentia um tanto quanto nauseado e tonto. Pra variar, estava de ressaca. Me lembro de como foram as primeiras vezes. No dia seguinte eu queria morrer, ou então só ficar bom, tanto fazia na hora. Agora, depois de um bom tempo de bebedeiras, a coisa parecia mais fácil. Acho que a bebida funciona de uma forma homeopática. Ou então meu fígado que começa a deixar de existir.

No momento porém, não posso perder tempo me preocupando muito com isso, já estou quase atrasado para o meu ganha pão. Atrasos não são muito bom vistos no bar onde eu trabalho. Não que eles sejam más pessoas, mas eu já sabia de tudo isso quando aceitei trabalhar lá. E o trabalho não é tão ruim também. Conheço pessoas de todos os tipos, interajo com elas, e é o que paga meu aluguel, minha comida e minha bebida.

Enfim levanto. Apesar do frio que faz, tomo um banho, escovo os dentes, procuro uma camisa que não esteja tão amassada e saio para a rua. Levo cerca de vinte minutos para chegar até o bar, e nesse trecho, aproveito para escutar música com meus fones de ouvido. Andar pelas ruas me faz bem, apesar de não gostar de caminhar, mas quando não há pressa, torna-se quase prazeroso. Sem contar que andar com fones de ouvido, torna-se um momento só meu, no qual meus devaneios circulam livre e insanamente pela minha cabeça. A música ajuda bastante. Gosto de ouvi-la no volume mais alto possível. Não sei o que será dos meus tímpanos aos cinqüenta anos, mas ao chegar lá me preocupo com isso. Enquanto caminho, fico imaginando clipes para as músicas que tocam. Ao ouvir Mick Jagger em Rocks Off, cantando

I hear you talking, when I’m on the streets...

quase chego a andar e dançar ao mesmo tempo, com um gingado bem propício para tal música, e vejo os carros passando, assim como as pessoas; e todo esse movimento me parece alheio à mim; ele simplesmente existe e eu sou uma pecinha perdida em toda essa engrenagem.

Porém estou lá, e gostando da coisa toda.

Apesar da ressaca.

3 comentários:

Kindex disse...

Puta que pariu, o sangue me deixa orgulhoso!

Teu estilo de escrever atrai, prende, e ainda faz me identificar com a situação.

Manda ver guri!
Beijo na sua alma (:

MARCO disse...

Oi !
Gostei.Abraço

terrenobaldio disse...

Vê se continua a postar agora.
:***